Capitulo I
Escritório do Dr. Paul Bounton, Fundação Darwin de Pesquisa e Desenvolvimento
15 de Novembro de 2022, Noite - Miami
Andava calmamente pelos corredores da Fundação. Estava silencioso, provavelmente todos aqueles seres humanos estavam comendo ou dormindo. Pobres fraquesas humanas, claro que a maioria deles não havia chegado ao topo, mesmo sendo mais evoluidos que a maioria.
Carregava uma pistola automática Mauser 712, uma variante da Mauser C96 com um único diferencial: um silenciador. O que significa que essa noite a limpeza seria rápida e silenciosa. Nada melhor ou mais propicio.
Enfim, chegou a sala certa. A placa na porta indicava o local. "Velho tolo", pensou antes de abrir a porta sem nem ao menos bater antes. Lá dentro, como esperado, estava o Dr. Paul Bounton, diretor da grandiosa e mediocre Sociedade Cientifica. A maior Sociedade do mundo, a mais rica e com maiores conhecimentos. Que nos últimos anos tem se escondido sobre o nome de "Fundação Darwin". Não concordava com aquilo, e é por isso que estava aqui esta noite. Nesta brilhante noite, o futuro do mundo moderno seria decidido a seu favor.
- "O que faz aqui a essa hora?" - perguntou o Dr. assim que entrou pela porta. Seu olhar demonstrava carinho e afeição. Nada mais errado, seus olhos estariam vazios dentro de pouco tempo e descobriria que a maior fraqueza humana é a confia exagerada. Pobre homem.
- "Estou aqui para dar um novo futuro para a humanidade, Doutor."
Seu tom era frio e seus olhos secos de expressão. Era isso o que mais intrigava o Dr. Paul. O que estaria tramando? Só descobriu quando viu a arma sair tranquila do bolso. A mão nem sequer tremia ao manusear tão pesado objeto. E o coração do brilhante e bondoso Paul Bounton batia mais rápido. Estaria o fim próximo...
- "Você não ousaria fazer isso. Existem câmeras de segurança aqui e você sabe delas."
Tentava se salvar ou ao menos delatar seu assassino. Já saberia seu destino obviamente, mas não imaginada a preparação para o ato final. Deu uma risada aguda, abafada somente pela respiração rápida do Doutor.
- "Claro, fui eu quem as instalei, se esqueceu?"
Andou um pouco pela sala e sorrindo apontou ao homem cada uma das câmeras. Uma sobre a prateleira de livros, uma sobre a lâmpada, uma em meio aos papéis de sua mesa e a última escondida sobre o jarro de flores plastificadas sobre a mesa de centro. Colocara aquelas câmeras ali estratégicamente a um tempo atrás. Tempos diferentes, de ignorancia e submissão. Tempos passados.
- "Mas não se preocupe, Doutor. Já desliguei cada uma delas pessoalmente."
O coração do doutor batia acelerado e sua respiração era irregular. Mesmo um leigo poderia notar o desespero em cada celula de seu corpo. A morte estava próxima e ele sabia perfeitamente disso.
- "Você é realmente inteligente, sinto que a subestimei."
Como um ato final ergueu a arma para terminar logo aquilo. No entando pensou um pouco mais e andou até o armário. Em uma das últimas gavetas havia apenas uma pasta. Dentro dela o documento continha como título: "Ordem de Testamento". Era o que queria. Levou o documento até a mesa do diretor e lhe entregando uma caneta ordenou.
- "Infelismente, é muito tarde para o senhor. Quero que me coloque neste testamento."
Naquela hora o doutor até poderia pensar que estivesse livre. Teria mais alguns meses de vida, quem sabe anos. Poderia fazer aquela viagem para o Tibete que tanto planejava. E poderia estudar os fungos tibetanos responsavéis por tantas doenças. Mas estava enganado. A arma foi novamente apontada para o mesmo. Mirava exatamente no estomâgo. Porque não o coração? Assim teria uma morte mais rápida. Mas queria que ele sentisse dor. A mesma dor que sentiu por causa dele.
Com um murmurio silencioso e fraco a bala saiu veloz da arma perfurando o Dr. Paul Bounton no estomâgo. Tecnicamente teria aproximadamente 15 minutos de vida antes da morte iminente. Mas não podia se enganar pelo assassino. Logo a ferida começou a sangrar mas o sangue não era vermelho vivo como deveria e sim negro. Negro como a noite que avançava fora da janela. Pelos seus olhos um líquido começou a escorrer. Seriam lágrimas se não fossem negras. E então estava acabado.